domingo, 27 de janeiro de 2008

Do you remember?

Lembra-se de mim?

Todo mundo já viveu a situação de topar com alguém em um lugar qualquer e ter a certeza de já ter visto essa pessoa, mas não sabe ao certo quem é e nem de onde a conheceu. Mas quando é só você que “reconhece”, não há problema algum. Você finge nunca ter visto mais gordo na sua vida e os dois seguem suas vidas sem quaisquer problemas. A única coisa que pode acontecer é de você se sentir um zero à esquerda para esse alguém. Passou pela vida dessa pessoa sem deixar qualquer marca, para que ela te reconhecesse depois. Você é tão importante quanto uma bactéria, com a diferença de que ela se preocupa mais com o microrganismo do que com a sua pessoa. Lógico. O unicelular deixa marcas na vida do seu “conhecido” com as doenças. Nem isso você é capaz. Seu nada!

Pior do que isto, somente quando a pessoa te reconhece também. E pra piorar, lembra do seu nome. E como golpe de misericórdia, para cavar mais ainda teu buraco ao chão, faz a maquiavélica pergunta:

-Lembra-se de mim?

Claro que se lembra. Mas não sabe de onde e como o conheceu. Muito menos o nome dele. A parte complexa dessas situações é como se sair bem delas. Socialmente falando, é impossível utilizar as saídas estratégicas como a de ignorar a pergunta fingindo que não a escutou, por exemplo. Ou falar um “talvez”:

-Lembra-se de mim?

-Talvez.

Isso é impossível. Em uma fração de segundos, você terá de escolher entre o “sim, mas é claro que me lembro! Como iria te esquecer meu caro?” e o “não, nem faço idéia de quem você seja, me desculpe.”. Ambas opções te levam a abismos. A primeira opção te leva a um precipício mais profundo, pois a pessoa irá prosseguir a conversa e você não irá lembrar do nome dela e nem de onde a conhece, apesar de ter a absoluta certeza de já ter visto-a. A segunda escolha, te leva a um abismo menor, pois o seu conhecido irá ficar com muita raiva de você e não vai querer te ver nem pintado de ouro. Mas aí, você não irá precisar se preocupar em lembrar seu nome. Claro que há o risco de você chegar no seu trabalho no dia seguinte e se deparar novamente com a pessoa na sala do seu chefe e esta se identificar como filho dele e só aí que você se lembra de tê-lo visto na festa de aniversário do seu patrão. Ou seja, você estará ferrado de qualquer jeito.

O que eu te aconselharia a fazer nesse momento de profundo abalo social, é utilizar a técnica da mensagem subliminar. “Ora, não me diga que é você! Há quanto tempo! Como vão as coisas?”. O “não me diga que é você” significa “vamos, me diga quem é você, pelo amor de Deus!”; o “há quanto tempo!” está no lugar de “há quanto tempo que nos conhecemos e de onde, se for possível?”; e o “como vão as coisas?” tem o valor de “que coisas temos em comum?”. A pessoa provavelmente não dirá o nome. Mas poderá lhe dar caminhos para descobrir. Ela pode citar nomes de pessoas, lugares ou hábitos comuns entre vocês. Aí você irá lembrar porque se não, já é demais. Ou você tem amnésia ou é menos evoluído do que uma bactéria mesmo!