domingo, 20 de abril de 2008

Tendências

Eu sei que minha ironia pode desagradar várias pessoas (como se muitas pessoas parassem pra ler o que aqui está escrito) mas, andei pensando e percebi que até os desastres tão virando moda. O lance agora é matar cruelmente criancinhas. Bacana que só vendo. Galera tá doidinha pra saber quem serão os próximos João Hélios e Isabellas e qual será a causa mortis da próxima vítima. Não dou nem 1 mês pra que a novela das 8 tenha um(a) garotinho(a) bonitinho(a) que será arrastado(a) ou defenestrado(a).
Acidente de avião também rola. Mas não causa tanto impacto não porque morre umas 200 pessoas e pá... ninguém decora os nomes tampouco os rostos. Morte de criancinha é mais bacana, aparece aquela fotinha dela na praia ou no aniversário fazendo caras e bocas. Enquanto isso, povão lá morrendo por causa da dengue (doença de pobre, mas não no sentido econômico, de informação mesmo) e ninguém nem aí. É até bacana porque alguns famosos pegam a moléstia e fica chique, super in na sociedade. Dengue agora tá virando matéria da Caras. Como diria a diva, ai, que loucura!
E o BBB, e o rebaixamento do Corinthians, meu Deus! nasceram os gêmeos da Fernanda Lima! Tudo merece alarde, tudo é explorado até a última gota de essência. Será que estamos mesmos interessados nisso tudo? Por que explorar de forma tão cansativa desastres e futilidades? Obviamente, não devemos ser mentecaptos de um mundo cujo cada minuto é modificado sem mais nem menos. Mas por que ficamos a par dos pormenores de uma tragédia? Me sinto enojado quando leio as notícias e fico sabendo como foi cada detalhe do caso. Para mim, nestes casos, basta responder as seis perguntas do lead: quem fez o quê, onde, quando, como e por quê? . E depois quero saber se o quem foi indentificado e receberá a punição cabível de acordo com a lei e ponto final. Não tenho vínculo algum com essas pessoas, mas respeito seu sofrimento que só aumenta na medida em que toda hora que ligo a televisão tá falando sobre o caso no noticiário.
E o que eu mais acho deplorável é essa curiosidade famigerada de desgraça que o público tem. Galera quer ver sangue. Aposto que se Jesus não tivesse uma morte sofrida e penosa, não seria o que se transformou ao longo dos tempos. O mesmo vale pra Che Guevara. Sangue é sucesso; é atenção; é ibope. Mais ainda: é moda. E moda é moda, todos querem estar seguindo a tendência.